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Pacientes de HIV têm mais risco de ter problemas cardíacos.

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Pacientes de HIV têm mais risco de ter problemas cardíacos. Empty Pacientes de HIV têm mais risco de ter problemas cardíacos.

Mensagem  HenriqueR Sex Jun 29, 2012 12:11 am

Mike Godfrey tinha 19 anos quando descobriu que tinha HIV.
Mike Godfrey tinha 19 anos quando descobriu que tinha HIV.

Tinha 29 anos quando começou o tratamento antirretroviral.

Tinha 43 quando teve um ataque cardíaco .

"Eu me senti zonzo", disse ele. "Tive uma sensação estranha e fiquei zonzo. Depois, passou. Eu ignorei. Uma semana depois, a sensação voltou e dessa vez senti algo no braço também. Eu fui burro demais para chamar uma ambulância. Entrei em um táxi e fui para o hospital."

A experiência de Godfrey ilustra algo de que alguns especialistas em AIDS há muito suspeitavam, e os cardiologistas já encontraram evidências para confirmar: as pessoas infectadas com HIV têm mais ataques cardíacos, com idades menos avançadas. Mesmo os pacientes cuja infecção é bem suprimida por medicamentos contra a AIDS correm maior risco.

Especialistas da área disseram que os médicos precisam ser melhor informados sobre essa ameaça pouco conhecida aos seus pacientes portadores do HIV. A ameaça também reforça uma mensagem que os especialistas em saúde pública continuam enfatizando: o HIV não é mais uma sentença de morte automática, mas ainda é uma doença perigosa.

"Eu acho que a maioria dos cardiologistas e especialistas em HIV não está realmente ciente disso", disse Priscilla Y. Hsue, cardiologista do Hospital Geral de São Francisco que trata muitos pacientes de AIDS. "A maioria das pessoas que atendo é encaminhada para mim depois de ter sofrido um ataque cardíaco, recebido uma ponte de safena ou um stent. Acho que isso é tarde demais. Nós deveríamos investigar se os pacientes têm doenças coronarianas, tratar a pressão sanguínea de modo agressivo, tratar o colesterol de modo agressivo."

Os portadores do HIV correm um risco quatro vezes maior de sofrer ataque cardíaco repentino em relação aos não portadores, relataram Hsue e seus colegas no periódico The Journal of the American College of Cardiology.
A explicação mais provável para isso é que tanto o vírus quanto as drogas que o combatem causam inflamação crônica, disse Paul M. Ridker, professor da Faculdade de Medicina de Harvard que foi pioneiro nos estudos que descobriram a ligação entre processos inflamatórios e doenças cardíacas. (Ele não esteve envolvido no estudo publicado no mês passado.) Além disso, as drogas fazem com que o fígado produza mais colesterol, outro fator de risco para ataque cardíaco.

Apesar da relação entre o HIV e a doença cardíaca em geral não ser conhecida pelos profissionais da Medicina, alguns médicos especializados no tratamento de pacientes com AIDS há muito suspeitavam de uma ligação. "Eu já tive vários pacientes – homens com 40 e tantos anos e 50 e poucos anos – que foram encontrados mortos em casa", disse Steven G. Deeks, especialista em AIDS da Universidade da Califórnia, em São Francisco, que não esteve envolvido no estudo. "Eu sempre achei que isso estava acontecendo com uma frequência maior que a esperada."

Tanto o vírus que causa a AIDS e outras infecções que a acompanham podem causar inflamação nos tecidos, ele disse. A inflamação pode produzir coágulos de sangue, que podem causar ataques cardíacos. E nos intestinos, o vírus pode causar a "síndrome do cólon irritado", permitindo que outros micróbios que causam inflamações entrem na corrente sanguínea.

O cardiologista Zian H. Tseng, coautor do novo estudo com Hsue, disse que se deparou com a ligação entre HIV e doença cardíaca enquanto realizava um levantamento de todas as mortes por ataque cardíaco repentino em São Francisco e notou que muitas vítimas tomavam drogas antirretrovirais.

"Inicialmente eu achei que se tratava apenas da alta prevalência de portadores do HIV em São Francisco, mas claramente era mais que isso", ele disse.
Os pesquisadores estudaram os prontuários médicos de 2.860 pacientes que passaram pela Ward 86, a famosa clínica de AIDS do Hospital Geral de São Francisco. No caso dos que tinham morrido, eles checaram as certidões de óbito, os relatórios dos paramédicos e entrevistaram médicos e parentes, tentando descobrir como tantos deles haviam sofrido ataques cardíacos.

Eles reconheceram algumas limitações: o fumo e uso de drogas recreativas são mais comuns entre os portadores de HIV, e poucos mortos passaram por autópsia. Mas todas as mortes que pareciam ter ocorrido por conta de overdose, suicídio ou agressões, assim como mortes lentas por AIDS, foram excluídas.

Estudos anteriores sugeriram que os portadores de HIV desenvolvem colesterol alto e artérias bloqueadas aproximadamente uma década mais jovens do que o normal, mas isso está se tornando amplamente reconhecido apenas agora.

"Eu não sabia que tinha um problema no coração até ter um ataque cardíaco e receber duas pontes de safena em 2003", disse Mark Abramson, de 59 anos, autor da série "Beach Reading" ("Leitura de praia", em tradução livre) de romances de mistério/romance gay.

Apesar de se consultar com médicos e tomar medicação para AIDS de modo intermitente quando tinha plano de saúde, durante os anos em que trabalhou como barman, "ninguém me disse que eu estava em um grupo de alto risco".

Ele fumava e sabia que sua pressão sanguínea estava "um pouco alta". Ele não se lembrou de fazer exames de colesterol.
Sharon Hampton, de 57 anos, teve problemas cardíacos antes de saber de uma provável ligação com o vírus.

Quando tinha 30 e poucos anos, ela começou a sofrer de pressão alta e de sinais de insuficiência cardíaca congestiva. Ela, que confessa ser uma "viciada em trabalho", culpava a pressão que sofria por trabalhar como atendente de queixas hospitalares. O médico que a atendia recomendou que procurasse algo menos estressante; ela o fez por algum tempo, mas então se mudou para Sacramento e começou a trabalhar em outro hospital.

Aos 45 anos, ela disse, "tive um ataque cardíaco bem na minha mesa –graças a Deus, o pronto-socorro ficava a dois metros da minha sala".

Após receber cinco pontes de safena, ela inicialmente voltou ao trabalho. Mas a saúde dela foi se deteriorando e ela passou a viver com familiares desde então.

No último Dia de Ação de Graças, após ser hospitalizada com um problema de saúde, ela soube que era portadora do HIV.

"Eu não conseguia acreditar", contou. "Eu pirei. Achei que se tratava de um falso positivo. Fui celibatária por muito tempo. Nunca tive esse estilo de vida. Eu tenho medo de drogas."
Porém, quando era jovem, contou ela, passou um breve período casada com um homem que, como viria a descobrir mais tarde, usava drogas injetáveis.

"Eu simplesmente nunca fiquei sabendo", ela disse. "Ele era o Davi de Michelangelo. Eu era uma caipira do interior."

Aparentemente, ela é uma rara "supressora de elite", parte do 1 a 2 por cento dos infectados que, por razões desconhecidas, controlam o vírus sem drogas. Apesar de ter uma carga viral quase indetectável e nenhuma infecção oportunista, seus médicos da UCSF acreditam que o vírus contribuiu para que ela tivesse problemas cardíacos.

Jose Raneda, um ex-advogado de 48 anos de Milwaukee, viu o pensamento a respeito da ligação entre o HIV e o coração mudar nos últimos anos.

Ele soube que era portador aos 21 anos, começou com os coquetéis contra AIDS assim que foram disponibilizados, nunca teve contagem de células CD4 baixa ou infecções ligadas à AIDS e sempre foi esbelto.

Ainda assim, sofreu o primeiro de seus dois ataques cardíacos aos 40 anos.

"Eu perguntei ao meu médico especialista em HIV se existia uma relação, e ele disse que não", disse ele. "Acho que ele estava enganado."

O seu antigo médico, o Dr. Ian H. Gilson, da Faculdade de Medicina de Wisconsin, concordou.

"Na época, não tínhamos muitas evidências sólidas dessa relação", disse ele. "Minha opinião mudou. Eu diria algo diferente para ele agora."
HenriqueR
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