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Como a geografia molda a diversidade cultural.

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Mensagem  HenriqueR Sex Jun 29, 2012 12:26 am

Uma das razões pelas quais as civilizações da Eurásia dominaram o mundo é o fato de que elas vieram de um continente que era mais extenso no sentido leste-oeste do que norte-sul. Ao menos é o que afirma o geógrafo Jared Diamond em seu famoso livro "Armas, germes e aço", de 1997.
Uma das razões pelas quais as civilizações da Eurásia dominaram o mundo é o fato de que elas vieram de um continente que era mais extenso no sentido leste-oeste do que norte-sul. Ao menos é o que afirma o geógrafo Jared Diamond em seu famoso livro "Armas, germes e aço", de 1997. Agora, uma análise de modelos encontrou evidências que apoiam essa "teoria de eixos continentais".

Continentes que abrangem faixas mais estreitas de latitude têm menor variação no clima, o que significa que um conjunto de plantas e animais se adapta dentro de condições mais semelhantes. Isso é uma vantagem, diz Diamond, porque significa que as inovações agrícolas podem se difundir mais facilmente, acompanhadas pela cultura e pelas ideias. Como resultado, a hipótese de Diamond prevê que ao longo de uma mesma faixa latitudinal há mais homogeneidade cultural do que ao longo de uma mesma faixa longitudinal.

Para testar essa previsão, os pesquisadores da Universidade Stanford, na Califórnia, consideraram a persistência das línguas como critério para identificar a diversidade cultural, e analisaram historicamente a porcentagem de línguas indígenas que permanecem em uso em 147 países hoje em relação à sua forma. Por exemplo, a equipe analisou a diferença entre o Chile, que tem um eixo norte-sul de extensão, e a Turquia, que tem um eixo mais amplo de leste a oeste.

Os pesquisadores descobriram que a probabilidade de línguas indígenas persistirem em países que têm eixo leste-oeste maior do que o eixo norte-sul é menor. A relação não é direta, mas o modelo sugere que a Mongólia, cuja extensão em termos de latitude tem cerca de duas vezes a sua extensão em termos de longitude, teria 5 por cento a menos de línguas indígenas que Angola, um país que é quase que quadrangular. Enquanto isso, a previsão para o Peru – cuja extensão em termos de longitude tem cerca de duas vezes a sua extensão em termos de latitude – seria de 5 por cento a mais de persistência línguas indígenas em relação a Angola. O resultado, dizem os autores, confirma a teoria de Diamond, pois indica que os países que têm maior extensão no sentido leste-oeste têm culturas mais homogêneas.

Resultados diversos

"Trata-se de uma relação significativa que confirma uma implicação observável da tese de Diamond", diz o cientista político David Laitin, que liderou a pesquisa. Os resultados estão publicados nos Anais da Academia Nacional de Ciências 1 na Internet. Sabe-se também que uma maior diversidade cultural é associada a consequências como níveis mais baixos de crescimento econômico e probabilidades mais altas de violência, acrescenta Laitin.
Embora pesquisas anteriores tenham mostrado que os impérios históricos tinham maior propensão a se expandir na direção leste-oeste do que norte-sul, os testes aos quais a ideia de Diamond foi submetida foram limitados pelo número pequeno de continentes existentes. Aumentar o tamanho da amostra usando países permite reivindicar melhor uma relevância estatística. Usar a persistência das línguas como critério para identificar a diversidade cultural é controverso, admite Laitin, mas ele argumenta que é a melhor maneira quantificável.

O trabalho de Laitin e sua equipe inclui controlar fatores como a distância de um país em relação ao Equador (historicamente, existiram mais línguas em regiões mais próximas ao Equador); quantas montanhas cada país contém (porque isso pode dificultar a difusão da língua) e a idade do país (países mais novos podem ter mais línguas porque houve menos tempo para um processo de homogeneização).

Laitin também descarta a possibilidade de o efeito observado ter alguma consequência relacionada aos países de extensão leste-oeste terem maior interesse na formação de um Estado – maior interesse, por exemplo, em introduzir políticas para estabelecer uma única língua nacional. Quando Laitin e sua equipe repetiram a análise em 538 países criados artificialmente (o que eles derivaram combinando cada país de fato com os seus vizinhos), os resultados mostraram que a relação se manteve.

Thomas Currie, especialista em ecologia evolutiva humana do University College de Londres, diz que o estudo é uma nova forma de testar a hipótese de Diamond, e acrescenta que a pesquisa abrange um "trabalho exaustivo" de controle de inúmeras explicações alternativas. "O resultado principal parece ser bastante sólido. [O estudo] ainda defende a ideia de que a história humana e a evolução cultural são regidas por normas gerais ecológicas e biogeográficas", diz ele.

Outros, porém, céticos em relação à teoria de eixos continentais, dizem que o estudo não faz o suficiente para sustentar o seu argumento. Focar na língua é um critério muito pobre para algo tão abrangente quanto a cultura, diz John McNeill, historiador da Universidade de Georgetown, em Washington D.C. Há muitos países tão pequenos que o fato do eixo de comprimento é desprezível no que diz respeito à diversidade cultural. Outros países tem um formato quase que quadrangular ou circular, sendo que é difícil imaginar que um comprimento um pouco maior em termos de latitude ou longitude façam muita diferença. "Infelizmente não existem muitos países com a forma do Chile", diz ele.
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