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O fraturamento hidráulico pode ser sustentável?

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Mensagem  HenriqueR Sex Jun 29, 2012 12:34 am

O fraturamento hidráulico, também conhecido como "fracking", processo que serve para liberar o gás natural guardado em depósitos de xisto, provocou um enorme crescimento na produção de gás natural nos Estados Unidos. Alguns especialistas, porém, temem que a prática resulte na contaminação de água e na liberação de metano, o que fez com que algumas localidades tivessem que limitar a produção de gás de xisto.
O fraturamento hidráulico, também conhecido como "fracking", processo que serve para liberar o gás natural guardado em depósitos de xisto, provocou um enorme crescimento na produção de gás natural nos Estados Unidos. Alguns especialistas, porém, temem que a prática resulte na contaminação de água e na liberação de metano, o que fez com que algumas localidades tivessem que limitar a produção de gás de xisto.

Uma nova análise feita pela Agência Internacional de Energia (AIE) diz que existem tecnologias – ou estão sendo desenvolvidas tecnologias – para dar conta dessas preocupações. Se elas forem adotadas, o fraturamento hidráulico pode vir a ser mais amplamente aceito por governos de todo o mundo, diminuindo emissões de gases de efeito estufa, assim como os preços da energia. Se não forem, talvez os governos hesitem e o carvão continue a exercer um papel dominante na geração de eletricidade.

A mais conhecida questão associada ao fraturamento hidráulico é a preocupação com o uso e contaminação da água. O fraturamento hidráulico consome grandes quantidades de água; cerca de 20 milhões de litros sob alta pressão são enviados para cada poço para criar as fraturas na rocha que liberam o gás natural. Esse uso da água provoca uma grande preocupação em lugares como o Texas e algumas áreas da China que possuem grandes recursos de gás de xisto e são suscetíveis a secas.

O despejo de água residual também preocupa. O fraturamento hidráulico pode contaminar suprimentos de água potável e aumentar a poluição do ar. E existe a preocupação de que ele possa vir a aumentar as emissões de gases de efeito estufa devido a vazamentos de metano.

Contudo, o relatório da AIE conclui que o fraturamento hidráulico, como muitas outras práticas existentes em setores que envolvem produtos químicos perigosos, pode ser feito de modo relativamente seguro com o estabelecimento de regulamentos. A AIE estima que a criação de medidas necessárias para tornar o fraturamento hidráulico mais seguro acrescentariam cerca de 7 por cento ao custo de um poço médio.

Níveis significativos de metano, o principal componente do gás natural, foram encontrados em poços de água potável perto de alguns sítios de fraturamento hidráulico. Alguns ambientalistas sugeriram que o processo de fraturamento hidráulico, que cria fraturas no xisto, pode vir a criar um caminho para que o gás natural e outros produtos químicos alcancem os aquíferos e se misturem à água potável.
Porém, de acordo com o relatório do AIE, esse não parece ser o problema na maioria dos casos. O fraturamento hidráulico geralmente ocorre centenas de metros abaixo dos aquíferos e interromper a propagação das fraturas é fácil. Quebrar a pedra requer altas pressões. Basta deixar de exercer essas pressões e a rocha para de ser fraturada.

No entanto, alguns sítios de fraturamento hidráulico ficam relativamente próximos do nível da água potável e a AIE sugere que talvez faça sentido proibir a realização do procedimento nesses locais.

A AIE diz que a água contaminada é muito provavelmente resultado de construções precárias de poços de gás natural, que são revestidos com metal e cimento para evitar que o gás natural contamine os aquíferos. Em alguns casos, os produtores fizeram um trabalho de cimentação de má qualidade, possibilitando a formação de canais por onde o gás natural vaza. "Todos os casos de vazamento de gás natural ocorreram porque a cimentação não foi bem feita", afirma Franz-Josef Ulm, professor de Engenharia Civil e Ambiental do MIT. Esse problema poderia ser resolvido com uma cimentação correta e, em seguida, com o acompanhamento atento da integridade do poço. "Existem soluções quando se trata da cimentação. A questão é saber se elas estão sendo aplicadas", diz Ulm.

Novas tecnologias podem vir a reduzir consideravelmente a quantidade de pressão necessária para realizar o fraturamento hidráulico, tornando a construção de poços de segurança muito mais fácil, diz Ulm. Os pesquisadores estão se familiarizando com o fato de que o xisto é particularmente resistente ao fraturamento hidráulico, por conta da presença de uma pequena quantidade de material orgânico que une as partículas inorgânicas. Visar esses materiais por meio da aplicação de um solvente especial pode enfraquecer o xisto e facilitar muito a liberação do gás natural.

Há também oportunidades de reduzir o consumo de água usando outros fluidos – como o gás propano (que apresenta desafios ambientais próprios) – ou misturando dióxido de carbono ou nitrogênio com água para criar espumas. Talvez seja possível misturar pequenas quantidades de água com partículas sólidas destinadas a fluir facilmente, diz Ulm.
A possibilidade de contaminação causada pelos produtos químicos que as empresas de fraturamento hidráulico adicionam à água também causa receio. A maior preocupação não é com os produtos químicos quando estão misturados à água, já que eles ficam bastante diluídos, mas sim com a manipulação dos produtos químicos quando estão em forma concentrada. Derramamentos ocorridos na superfície podem vir a penetrar no solo e contaminar a água potável. A solução é delimitar a área onde os produtos químicos são tratados com plástico e monitorar quaisquer vazamentos. Os pesquisadores também estão produzindo menos produtos químicos tóxicos e desenvolvendo técnicas para eliminar a necessidade de utilizá-los.

No entanto, mesmo se o problema desses produtos químicos puder ser resolvido, as águas residuais continuariam a ser um desafio. A água que flui de volta para a superfície está contaminada não só com os produtos químicos originalmente misturados na superfície, mas também com produtos químicos, metais pesados e, em alguns casos, com materiais radioativos que surgem naturalmente das profundezas subterrâneas.

Quando a água retorna à superfície, o gás natural e outros hidrocarbonetos que foram liberados pelo fraturamento hidráulico vêm junto com ela. Em muitos casos, permite-se que o gás escape para a atmosfera até que a água pare de fluir. Principal componente do gás natural, o metano é um gás de efeito estufa, muitas vezes mais potente que o dióxido de carbono, de modo que essa prática poderia contrabalançar eventuais reduções de emissões de gases de efeito estufa originárias da queima de gás natural em vez de carvão. No entanto, existe uma tecnologia simples para capturar o gás natural nessa fase.

A implementação dessas tecnologias provavelmente vai exigir a criação de uma regulamentação. "Não podemos apenas esperar que as empresas adotem as práticas mais adequadas, porque apenas uma certa porcentagem dos operadores faria isso da maneira correta", afirma Mark Boling, presidente da V+ Development Solutions, que faz parte da Southwestern Energy, uma produtora de gás natural. "Temos que ir até o fim e estabelecer regulamentos para que tenhamos condições justas de concorrência e todos sejam obrigados a fazer a mesma coisa."

Se estabelecidos de modo correto, esses regulamentos podem vir a impulsionar a inovação por meio da criação de um mercado para novas tecnologias. Ulm recomenda que sejam impostos limites sobre as emissões liberadas por empresas que dão flexibilidade para que a melhor tecnologia seja escolhida. A AIE defende a combinação de tais limites e, em alguns casos, requisitos tecnológicos específicos. "Com esses regulamentos, podemos forçar a implementação de inovações a um ritmo acelerado. Precisamos de tecnologia para tornar o gás de xisto um recurso sustentável", garante Ulm.
HenriqueR
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